Artigo elaborado pela Dra. Roberta Castro – Graduada em Pediatria, Mestra em Saúde Materno-Infantil e Doutora em Medicina.
Seu bebê já completou meio ano de vida e está começando a notar que existe um mundo fascinante lá fora, apenas esperando para ser explorado. E isso significa que os dias de poder colocar seu bebê no chão, com a certeza de que ele vai ficar, estão contados.
Além disso, aos seis meses, vamos começar a dar alimentos sólidos para seu bebê! Esse é um momento muito esperado pelas famílias! Pode ser também que o primeiro dentinho surja também!
Aqui eu comento com vocês sobre esses assuntos e o que você pode esperar do seu tesouro aos seis meses de vida!
Aqui você encontra:
Introdução alimentar
Seu bebê está entrando em uma nova fase de vida. Nem sempre as coisas saem da maneira como imaginamos, porque nada é perfeito. A introdução alimentar é um caminho que precisa de muita paciência e repetição. E que é diferente para cada família.
Cada bebê tem seu tempo e é importante que esse tempo seja respeitado! Não fiquem comparando seu bebê com outros e evitem que as opiniões alheias influenciem no modo como vocês estão cuidando de seu bebê! Lembrem-se sempre que vocês estão dando o melhor de vocês!
Muita coisa mudou ao longo dos anos, portanto, é muito provável que muitas pessoas acreditem em determinadas culturas que estão defasadas. Esse processo novo de aprendizagem irá interferir no comportamento alimentar futuro das crianças e deve ser um momento prazeroso para toda a família!
Provavelmente, seu bebê não irá aceitar os alimentos que você oferece para ele na primeira tentativa ou na segunda. Continue oferecendo. O próprio nome diz: “introdução alimentar”.
O leite ainda faz parte da dieta do seu bebê e esse período é de apresentação dos alimentos para a criança. Dessa forma, o conceito aqui é de PACIÊNCIA. A introdução alimentar é um processo de aprendizagem.
A relação do bebê com a comida demora um tempo para ser construída e pode alterar outros comportamentos, como o sono. A maneira como os alimentos serão introduzidos interfere no comportamento alimentar futuro.
É importante observar se o bebê apresenta sinais de fome e de saciedade. O excesso de comida pode induzir a um hábito inadequado, portanto, respeite o tempo do seu bebê!
Inicie a oferta no colo, mas coloque o bebê para comer junto com a família. Ficando mais confiantes, vocês podem colocá-lo na cadeirinha.
Deixem o bebê mexer no alimento e modifiquem a forma de apresentação. Por fim, não insista para que o bebê “raspe” o prato.
Sinais de que seu bebê está pronto para iniciar a introdução alimentar
Os sinais de prontidão são sinais que o bebê apresenta e que demonstram que ele atingiu desenvolvimento neurológico que o capacita a receber outros alimentos com consistência diferente do leite. O pediatra avalia então esses sinais e checa se o bebê já pode começar a introdução alimentar. Quais são esses sinais?
- A criança é capaz de controlar a cabeça e o pescoço;
- A criança se senta com o mínimo de apoio ou nenhum apoio;
- A criança leva objetos à boca;
- A criança se interessa pelos alimentos dos adultos;
- A criança já não tem mais o reflexo de extrusão exacerbado.
Orientações importantes
- O leite materno (e/ou a fórmula) devem continuar sendo oferecidos;
- Se o bebê mama apenas leite materno, não há necessidade de introduzir outro leite;
- Não ofereça leite de vaca, iogurtes ou queijos;
- Ofereça água para matar a sede, entre as refeições (máximo: 120 mL/dia);
- Amasse os alimentos com garfo, oferecer com colher. Não use liquidificador nem peneira;
- Não adicione sal nem nenhum tempero ou molho industrializado;
- Não use macarrão instantâneo nem salsichas;
- Não ofereça biscoitos;
- Não adoce as refeições. Não use nenhum tipo de açúcar, adoçante ou mel;
- Não ofereça suco;
- Lave bem as frutas e vegetais antes de oferecer a seu bebê;
- Evite alimentos crus.
A chave para o sucesso é a paciência
A introdução alimentar é um processo de aprendizagem para o seu bebê e para toda a família. Como todo aprendizado, há momentos de dificuldade e a relação do seu bebê com o alimento pode demorar um tempinho longo para ser construída: é por isso que essa fase é chamada de introdução.
Pode haver algumas modificações no comportamento do seu bebê, mas assim como foi o momento de amamentação, lembrem-se: é importante que seja sempre feito com muito amor e paciência!
O bebê não sabe, por exemplo, o que é uma banana. Não sabe que ela existe, não conhece o cheiro, a textura, o gosto… pode ser que de início ele estranhe, e tudo bem, é assim mesmo. O importante é ser persistente e entender que esse é um processo de amadurecimento neurológico que todos nós passamos um dia!
Nem sempre as coisas saem da maneira como imaginamos, porque nada é perfeito. A introdução de alimentos é um caminho que precisa de muita paciência e repetição. E que é diferente para cada família. Cada bebê tem seu tempo e é importante que esse tempo seja respeitado!
Não fiquem comparando seu bebê com outros e evitem que as opiniões alheias influenciem no modo como vocês estão cuidando de seu bebê! Lembrem-se sempre que vocês estão dando o melhor de vocês! Esse processo novo de aprendizagem irá interferir no comportamento alimentar futuro das crianças e deve ser um momento prazeroso para toda a família!
Cardápio
Aos seis meses, além do leite materno e/ou fórmula adequada para a idade, o bebê inicia, na primeira semana, com uma papa de frutas pela manhã. Na segunda semana, podemos dar início à segunda papa de frutas, no lanche da tarde (ofereçam as frutas in natura e amassadas e conforme as frutas da estação). Na terceira semana, iniciamos a papa no almoço e, na quarta semana, iniciamos a papa no jantar.
Almoço e jantar devem incluir:
- Cereais ou raízes e tubérculos: arroz, aipim/mandioca/macaxeira, milho, batata, batata doce, cará, inhame, quinoa, macarrão…
- Leguminosas: os vários tipos de feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico…
- Hortaliças: espinafre, alface, rúcula, couve, beterraba, cenoura, abobrinha, tomate, repolho…
- Carnes (boi, frango, porco, peixe; fígado, rins, coração) e ovos. A quantidade de carne deve ser entre 50-70 gramas/dia.
Atenção:
Essa é apenas uma orientação, mas nada substitui a avaliação e as recomendações do pediatra do seu bebê, ok?
Reflexo de Gag
Os bebês têm um reflexo de vômito sensível que ajuda a protegê-los de engasgar-se com a comida. É o reflexo de Gag.
É muito parecido quando, por exemplo, escovamos o dente e introduzimos demais a escova na boca. É normal e passa logo e é diferente de engasgo.
No Gag, o bebê tenta engolir a comidinha, mas não consegue, fazendo ânsia de vômito. Pode tossir e colocar a comida para fora e até engolir de novo e vida que segue. No engasgo, o bebê obstrui a garganta com o alimento e fica sufocado.
Manobra de Heimlich para desengasgar bebês de até um ano
Cinco percussões com a mão na região das costas com a criança com a cabeça virada para baixo, seguida de cinco compressões na frente, até que o corpo estranho seja expelido ou a criança torne-se responsiva e reaja. Entre em contato com o SAMU (192) em caso de a criança não responder a essa manobra. Repita a manobra até o socorro chegar ou até a criança expelir o corpo estranho.
Fraldas
Aos 6 meses de vida do bebê, com a introdução alimentar, as fezes começam a ficar mais moldadas. Alguns bebês ficam com o intestino preso – nesse caso, converse com o pediatra.
Sono
Nessa idade, conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria, o bebê não deve fazer cama compartilhada, mas já pode dormir no berço no próprio quartinho. É mantida a recomendação de colocar o bebê para dormir de barriga para cima e sem nenhum objeto no berço, devido aos riscos de morte súbita! Aos 6 meses, o bebê dorme em torno de 15 horas por dia, sendo que essas horas são divididas em dois a três cochilinhos durante o dia e umas 11 horas de sono noturno. É importante que os bebês façam seus cochilos e eles sejam feitos sempre por volta do mesmo horário: o sono noturno depende muito das sonecas do dia!
O bebê precisa de uma rotina. Não esperem o bebê ficar muito irritado para colocá-lo para dormir: quando o bebê já está muito choroso, é sinal de que passou da hora e que ele está estressado, dificultando o sono. Lembrem-se também de não deixar o bebê dormir no colo: acalmem-no no colo e o coloquem no berço para dormir ainda sonolento. Isso porque, quando ele tem algum despertar, ele pode estranhar o fato de acordar em um local diferente de onde ele dormiu e isso pode deixá-lo assustado e prejudicar o seu soninho.
Vacinas
Aos seis meses, a criança faz o reforço das vacinas tomadas aos dois e quatro meses, além da primeira dose da vacina contra a gripe.
Desenvolvimento cognitivo e motor
A forma como o seu bebê brinca, aprende, fala, age, interage e se movimenta nos dá pistas muito importantes sobre o seu desenvolvimento. Todas as coisas que a maioria dos bebezinhos é capaz de fazer com uma certa idade são chamadas de “marcos do desenvolvimento”. Os marcos do desenvolvimento de um bebê com seis meses de vida são todas as atividades que ele consegue executar ao final dessa idade.
Com seis meses, o que a maior parte dos bebês já faz?
- Emocional/social:
- Reconhece rostos familiares e começar a perceber se alguém é estranho.
- Gosta de brincar com outros, especialmente com os pais.
- Responde a emoções alheias e normalmente parece feliz.
- Gosta de se olhar no espelho.
- Comunicação e linguagem:
- Imita sons em resposta a outros sons.
- Une as vogais ao balbuciar (“ah”, “eh”, “oh”) e gosta de revezar com os pais enquanto emite sons.
- Responde ao próprio nome.
- Emite sons para mostrar alegria e descontentamento.
- Começa a falar sons consoantes (articula com “b”, “m”).
- Faz bolinhas de cuspe.
- Cognitivo – pensamento, aprendizado e resolução de problemas:
- Observa as coisas ao seu redor. Vê quando um objeto cai.
- Leva objetos à boca.
- Mostra curiosidade sobre as coisas e procura alcançar objetos que estão fora do alcance.
- Começa a passar as coisas de uma mão para a outra.
- Entende “upa”, “vem” e “tchau”.
- Desenvolvimento físico/movimentos:
- Rola em ambas as direções (de bruços para costas e vice-versa).
- Começa a sentar-se sem apoio.
- Quando está de pé, apoia o peso sobre as pernas e pode tentar saltar.
- Balança para frente e para trás, às vezes engatinhando para trás antes de seguir para frente.
- Estica os bracinhos para pegar objetos.
Como estimular o desenvolvimento do meu bebê de seis meses?
- Estimule seu bebê a sentar.
- Bata as palminhas para ele.
- Leia para seu bebê.
- Dê os brinquedos para ele e deixe que ele os jogue no chão.
- Imite sons de animais.
- Brinquedos recomendados: Brinquedos flutuantes (como patinhos), cubos com desenhos, guizos, bichinhos que fazem barulho. Chequem se há aprovação pelo Inmetro e/ou ABNT.
Converse com o pediatra se, aos seis meses, seu bebê:
- Não parece interessado nas coisas ao seu redor;
- Parece não conhecer seus pais ou responder a pessoas que ele conhece bem;
- Não está mostrando nenhum interesse em seus arredores;
- Não está pegando objetos;
- Não está começando a balbuciar ou fazer qualquer som de voz;
- Não faz contato visual;
- Não pode ser confortado por um dos pais ou por um cuidador próximo.
Perguntas frequentes
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Meu bebê já pode usar filtro solar?
Sim. Dos seis meses aos dois anos, a criança pode usar somente filtros 100% físicos (filtro ”baby” ou “mineral” ou “inorgânico”), com proteção UVA/UVB balanceada e resistente à água. Dê preferência a cremes e bastões (pode haver risco de inalação com sprays). Evite produtos com parabenos. Em geral, os filtros > 15 fazem uma proteção razoável por até duas horas. O ideal é aplicar filtros ≥ 30. Filtros ≥ 30 apresentam a mesma eficácia na proteção ao sol. A diferença está no tempo de reaplicação. Cheque se foi aprovado pela ANVISA e PROTESTE.
Meu bebê já pode usar repelente?
Aos seis meses, o bebê já pode usar alguns repelentes. Mas é importante manter medidas de proteção, como telas em portas e janelas, ambiente refrigerado, eliminar locais de criação de mosquitos (ou evitar essas áreas) e dedetização. Evitar exposição em horários de pico dos insetos (amanhecer e anoitecer). Utilizar roupas de proteção. Utilize produtos para a idade.
Meu bebê anda muito levado, posso deixá-lo ver desenho para ver se ele fica mais calmo?
O uso de telas não é recomendado para nenhuma criança por período nenhum para as crianças de até dois anos. Após essa idade, pode ser usado com moderação. Isso porque as telas (televisão, tablets, celulares) prejudicam o desenvolvimento da criança.
Será que vem dente por aí?
Em geral, os dentinhos começam a surgir por volta dos 6 a 7 meses, embora possam nascer antes ou depois em alguns bebês. Os bebês podem nos dar alguns sinais importantes de que os dentinhos estão nascendo. Conforme os dentes empurram a gengiva, ocorre inchaço, pode ferir e causar muita baba. A baba constante umedece e irrita a pele, muitas vezes ao redor das bochechas, queixo, pescoço e tórax, criando manchas avermelhadas. Mantenha sempre o pescoço e a área do peito do seu filho cobertos e secos. Um babador ajuda, mas deve ser trocado quando ficar úmido. Alguns bebês, inclusive, precisam de um creme contra assaduras para proteger a pele. A dor inibe o apetite e o bebê pode tentar aliviá-la mordendo tudo o que vem pela frente. Um mordedor geladinho (não congelado) pode ajudar a diminuir o desconforto. Fazer massagem na gengiva do bebê usando uma dedeira também pode ajudar! A dor dos dentes cortando a gengiva faz com que as crianças fiquem irritadas, chorem e acordem durante a noite. Mas calma: a dentição não dura para sempre! Vai passar!
Veja também:
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